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A consulta de nutrição é importante na introdução alimentar?

Uma pergunta que ouço com muita frequência e, provavelmente, também já terá feito, é se a consulta de nutrição é importante na introdução alimentar.

De facto existe cada vez mais informação disponível, seja na internet, em livros ou até cursos e formações que possa adquirir. No entanto, nenhuma destas opções tem um fator de extrema importância e que apenas a consulta permite – a personalização! 

Quais são as recomendações para a introdução de alimentos

Inevitavelmente, as ciências da nutrição e alimentação estão em constante mudança e atualização. Como tal, as recomendações para a introdução dos primeiros alimentos nos bebés não são exceção.

Inicialmente tínhamos recomendações bastante rígidas e bem definidas, que determinavam o tipo de alimentos a introduzir, a sequência “certa” e as texturas ideais. Claramente aqui a única textura a iniciar seria a pastosa, fosse a papa de cereais ou a sopa. Da mesma forma, estava rigidamente definida a ordem e quais os alimentos que seriam introduzidos. Sempre com 3 dias de intervalo entre eles, bem como as quantidades que deveriam ser cuidadosamente pesadas. No mesmo sentido, para cada mês há alimentos a serem introduzidos. Para além disso, as recomendações pouco evoluíam ao longo do 1º ano da diversificação alimentar.

Posteriormente surgem outras recomendações, o BLW ou Baby Led Weaning. Este conceito, apesar de algo recente, tem vindo a ganhar força e a marcar presença nas recomendações da diversificação alimentar. Segundo este método, os alimentos são oferecidos ao bebé inteiros ou em pedaços pequenos. Por outro lado, as quantidades são definidas pelo bebé, isto é, o bebé deve ter autonomia para comer quando e quanto quer. 

Ora, cada uma destas abordagens tem vantagens e desvantagens e é por isso que, cada vez mais, se fala numa abordagem integrada. 

A consulta de nutrição na introdução alimentar

Com o avançar da ciência e pela minha prática nos acompanhamentos em consulta e como mãe, torna-se claro que a melhor abordagem é, sem dúvida, uma personalizada. E, afinal, em que consiste uma abordagem personalizada na prática?

Assim, na consulta de nutrição começamos por avaliar o estado de prontidão do bebé para iniciar a introdução dos alimentos. De seguida, avaliamos as suas necessidades nutricionais. Por fim, analisamos as expectativas da família e os seus hábitos alimentares.

Consequentemente elaboramos um plano de diversificação alimentar inicial. Aqui definimos os primeiros alimentos a serem oferecidos, em que formato, com que frequência e em que quantidades. Contudo, nesta fase, as consultas de nutrição devem ser periódicas. Isto porque, apenas assim, conseguimos avaliar a aceitação e evolução do bebé, da sua alimentação e do seu estado nutricional. Regularmente modificamos e adaptamos o plano às novas necessidades e competências do bebé, uma vez que a alimentação, tal como qualquer outra competência, precisa de ser aprendida.

A introdução alimentar com acompanhamento da consulta de nutrição

Certamente que a introdução dos alimentos pode ser super tranquila e acontecer sem nenhum percalço. No entanto, isto está longe de ser o mais habitual. É quase certo que irá sentir dúvidas, algumas dificuldades por parte do bebé e dos cuidadores, pode haver alguma seletividade ou recusa alimentar. E é especialmente nestas alturas que a consulta de nutrição é tão importante, porque lhe permite solucionar todos estes obstáculos. Sabemos hoje com toda a certeza que, uma correta introdução alimentar no 1º ano de vida, previne a maioria das dificuldades com a alimentação das crianças. Reconhece pois que resolver os problemas no momento em que surgem será muito mais proveitoso do que arrastá-los no tempo, por vários meses ou até anos.

As consultas de nutrição durante a introdução alimentar permitem:

  • garantir o correto crescimento, desenvolvimento e estado nutricional do bebé
  • reduzir o risco de seletividade ou recusa alimentar
  • aumentar no bebé a aceitação e curiosidade pela generalidade dos alimentos
  • desenvolver a mastigação e desenvolvimento dos músculos envolvidos na fala
  • uma maior adesão a uma alimentação saudável ao longo do crescimento
  • adaptar a introdução dos alimentos à dieta e hábitos alimentares da restante família
  • proporcionar uma alimentação saudável adaptada aos contexto em que o bebé está (creche, casa de familiares, ama…)

Portanto, se o seu bebé vai iniciar a introdução alimentar ou já iniciou, procure as recomendações mais atualizadas e as que melhor se adaptam às suas necessidades e às do seu bebé. Resumindo, não se limite às indicações que lhe possam ser dadas como opinião. Ou até mesmo às que possam vir de outros profissionais de saúde que não se atualizam nem são especialistas na área.

Lembre-se sempre que a alimentação deve evoluir e acompanhar o crescimento, competências e necessidades do seu bebé. Concluindo, não devem existir recomendações rígidas, antes pelo contrário, elas devem ser flexíveis e continuamente ajustadas ao bebé. 

dina

Nutricionista clínica, coach nutricional e formadora. Especialista na Saúde da Mulher, Nutrição materno-infantil, Nutrição Pediátrica e Nutrição funcional.

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