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5 Erros na Alimentação das Crianças

A alimentação das crianças é um tema de grande destaque. E tem razões para ser, já que aquilo que as crianças comem é um grande determinante da sua saúde atual e futura. Por outro lado, os hábitos alimentares dos adultos são aprendidos durante a infância, daí ser especialmente importante a aprendizagem de hábitos alimentares saudáveis desde o início da vida. Neste sentido, este artigo apresenta 5 erros na alimentação das crianças, as suas consequências e como devem ser evitados.  

5 erros na alimentação das crianças

1 - Consumo excessivo de alimentos processados

erro excesso alimentos processados
consumir alimentos frescos e naturais

Tal como acontece na sociedade em geral, também nas crianças se verifica um aumento preocupante do consumo de alimentos processados. O mais grave é que isto se verifica desde muito cedo, por vezes logo à nascença, nomeadamente quando as mães optam por dar leite de fórmula em vez do leite materno. 

No mesmo sentido, assim que se inicia a diversificação alimentar, muitos pais optam por utilizar fruta e papas industrializadas. Apesar da sua composição ser cada vez mais cuidada e até serem já enriquecidos com muitas vitaminas e minerais, as frutas e os cereais ao natural são sempre preferíveis do ponto de vista nutricional. Por outro lado, estes alimentos têm um sabor demasiado doce, o que vai habituar o paladar da criança ao doce. Acresce ainda o facto destes alimentos serem completamente líquidos ou pastosos, o que não é de todo recomendado para crianças a partir dos 10 meses de idade.

 Posteriormente, ao longo do crescimento, o consumo de alimentos processados tende a aumentar ainda mais, acrescentando os alimentos ricos em sal e em gorduras. Desta forma, o paladar vai se alterando cada vez mais, ficando progressivamente mais exigente em sabores doces e salgados e aumentando a apetência para alimentos muito calóricos

O que fazer:

Acima de tudo, os alimentos frescos e ao natural devem ser sempre a primeira opção, utilizando-os nas refeições e nos preparados culinários. Além disso, evite ao máximo os alimentos processados, que devem ser deixados para ocasiões especiais e apenas como último recurso. Valorize os produtos locais e da época, desfrute do sabor e da textura natural dos alimentos.

2 - Falta de rotinas na alimentação das crianças

De uma forma geral, o nosso corpo funciona por rotinas e depende muitos dos nossos hábitos diários para a sua regulação. Consequentemente, no que toca à alimentação não é diferente. O nosso corpo cria hábitos para o horário das refeições, bem como para o tipo de refeições que vamos realizando ao longo do dia. 

Por norma quando as crianças/ jovens estão em casa ou fora da rotina habitual da creche/infantário/escola, não mantêm os mesmos hábitos alimentares. Por um lado, não são cumpridos os horários das refeições, o que está muitas vezes associado a birras ou mudanças no humor das crianças. Isto porque a criança não come no horário a que está habituada e o seu corpo começa a pedir alimento. Por outro lado, o tipo de refeições e a quantidade de alimento também não são os mesmos, o que leva a criança a comer demasiado em alguns momentos e a não ter apetite noutros.

Esta falta de rotinas faz com que o corpo da criança fique desregulado, bem como as suas emoções. As consequências habituais são as birras, descontrolo emocional, falta de apetite ou andar sempre a petiscar entre refeições, o que não é de todo saudável.

O que fazer:

Por norma, as crianças têm rotinas estabelecidas durante a semana, nomeadamente na alimentação. O ideal é manter essas rotinas nos dias em que não estão na escola, sobretudo no horário e no tipo de refeições. Mesmo naqueles dias mais atípicos e fora do comum, o adulto deve fazer um esforço para manter o horário habitual das refeições das crianças, assim como o tipo de alimentos a que a criança está acostumada (refeições mais ligeiras nos lanches e mais reforçadas no almoço e jantar).

3 - Poucos exemplos de alimentação saudável

Apesar de, cada vez mais, os pais terem informação sobre o que deve ser uma alimentação saudável, a verdade é que ainda são poucos a fazê-lo no dia-a-dia. Ora, de nada serve os pais insistirem com as crianças para comerem a sopa, se mais ninguém em casa a come. Ou forçar a criança a comer os legumes se mais ninguém tem legumes no prato. Assim como dizer à criança para não comer doces e depois estar a comer bolos ou outros doces à sua frente. Ou insistir para que a criança beba água enquanto bebem sumo. Tal como dizer às crianças que comer batatas fritas faz mal depois da criança ter visto o adulto a fazê-lo imensas vezes.

A verdade é que, mesmo que a criança até o faça na hora, porque está a ser obrigada, ela não vai entender porque tem de o fazer. Durante a infância, as crianças aprendem sobretudo por imitação (em especial dos pais), nomeadamente a comer. Ora, por muito que os pais digam às crianças para comerem alimentos saudáveis e evitarem os menos saudáveis, elas vão tender a seguir os seus exemplos.

O que fazer:

A maneira mais fácil de fazer com que as crianças comam de forma saudável é dar o exemplo. Se os adultos que convivem regularmente com as crianças tiverem hábitos alimentares saudáveis, nem sequer é preciso insistir com as crianças para comerem os alimentos saudáveis, porque estes vão ser os que elas conhecem e que estão habituadas a ver nas refeições. 

4 - Reduzida autonomia na alimentação das crianças

Cada vez as crianças têm menos liberdade na sua alimentação, ou pelo contrário, têm demasiada. Esta falta de autonomia verifica-se tanto nas escolhas alimentares como no momento da refeição.

Por um lado, os adultos tendem a impor às crianças o que elas devem comer nas várias refeições, não atendendo às suas preferências ou ao que lhe possa apetecer naquele momento. O oposto também acontece e é igualmente mau, quando os pais dão liberdade total para as crianças escolherem os alimentos, sobretudo quando estão disponíveis opções pouco saudáveis.

Por outro lado, os adultos têm tendência a controlar toda a refeição, desde a ordem pela qual os alimentos devem ser consumidos até à quantidade que a criança deve ingerir. É muito frequente os adultos obrigarem as crianças a comer tudo o que está no prato, ou insistirem particularmente num tipo de alimento.

O que fazer:

Para todas as refeições, as crianças devem ter a possibilidade de escolher o que preferem comer. Claro está que esta liberdade de escolha deve ser limitada, dando apenas a possibilidade de optar entre 2 ou 3 alimentos, sendo sempre opções saudáveis. Por exemplo, “preferes leite ou iogurte?” ou “que fruta queres, maçã, pêra ou laranja?”.  

Acima de tudo, as crianças devem ter liberdade para gerir o seu apetite e a sua refeição. O importante é que eles comam os alimentos que estão no prato. A forma como o fazem é aprendida com o tempo e a imitar os adultos. Além disso, o corpo das crianças está preparado para identificar os sinais de fome e saciedade, que devem ser respeitados e valorizados. Há fases em que as crianças têm mais necessidades energéticas e nutricionais e outras em que estas são menores. Não podemos esperar que as crianças comam sempre o mesmo, muito menos que comam o mesmo que um adulto!

5 - Associação de emoções à alimentação

Dos 5 erros na alimentação das crianças, este será talvez o que fazemos mais  sem nos darmos conta. Frequentemente associamos os alimentos a emoções negativas ou positivas. Isto acontece, sobretudo, porque se recorre aos alimentos como forma de recompensa ou de punição. Quando os alimentos são usados como castigo ou de forma negativa, as crianças acabam por desenvolver emoções negativas que irão sempre associar a estes alimentos. Por exemplo: “Se não te portares bem, o teu jantar vai ser só sopa!”. Neste caso, a sopa irá ganhar uma conotação negativa e será vista pela criança como um castigo. 

Do mesmo modo, os alimentos que são usados como recompensa serão utilizados pelas crianças para compensar estados de espírito menos positivos. “Se fizeres os trabalhos de casa dou-te um chocolate” ou “se te portares bem as compras, compro-te um chupa”. Nestes casos estamos a ensinar as crianças a esperar um destes alimentos sempre que cumprirem alguma tarefa, ou então irão recorrer a estes alimentos quando necessitarem de algum conforto emocional ou de algum reconhecimento.

Além destes exemplos, é ainda muito frequente utilizarem-se alimentos pouco saudáveis para celebrar ocasiões importantes, desde a visita de algum familiar até alguma data importante. Uma vez mais, iremos associar alimentos pouco saudáveis às emoções de partilha e do conforto da família.

O que fazer:

Acima de tudo, os alimentos servem para nos alimentar e fornecer os nutrientes de que precisamos. Esta deve ser a função dada aos alimentos e ao ato de comer. Certamente que devemos retirar prazer das refeições. Aliás, a nossa cultura e, mais especificamente, a dieta Mediterrânica caracterizam-se pela socialização e o convívio à mesa. No entanto, os alimentos não devem, de forma nenhuma, servir como chantagem ou meio de negociação, nem como recompensa ou prémio de consolação.  

Concluindo...

De facto, se pensarmos bem, as crianças não são muito diferentes dos adultos e podemos facilmente evitar estes 5 erros na alimentação das crianças. Assim sendo, a sua opinião e as suas decisões devem ser valorizadas e tidas em conta. Dê o melhor exemplo, disponibilize opções saudáveis, mantenha rotinas saudáveis e ensine a criança a utilizar os alimentos apenas para aquilo que servem. 

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Uma alimentação saudável é especialmente importante na Infância

dina

Nutricionista clínica, coach nutricional e formadora. Especialista na Saúde da Mulher, Nutrição materno-infantil, Nutrição Pediátrica e Nutrição funcional.

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