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Alimentação da criança a partir de 1 ano

   Durante o 1º ano de vida, a criança descobre o mundo da comida através da diversificação alimentar. Experimenta todo um conjunto de texturas, cores, sabores e aromas. Assim, quando o bebé completa 1 ano é suposto terminar a diversificação alimentar e entrar na dieta familiar. Mas na prática, afinal isto quer dizer o quê? Como deve ser então a alimentação da criança a partir de 1 ano? 

Alimentação da criança a partir de 1 ano

    Quando a criança completa o 1 ano, espera-se que tenha aprendido as competências necessárias para conseguir partilhar as refeições da família. Uma alimentação saudável é fundamental para a saúde e qualidade de vida em qualquer idade, mas é, claramente, importantíssima na infância, quando o crescimento é mais acelerado e se aprendem os hábitos alimentares. Quer isto dizer que, se queremos que a criança introduza a dieta da família, certamente terá que se fazer uma alimentação saudável em casa.  De seguida, apresento 10 dicas de como deve ser a alimentação da criança a partir de 1 ano.

 

10 dicas para a alimentação da criança a partir de 1 ano

- Mantenha rotinas na alimentação da criança a partir de 1 ano

  • Faça as várias refeições num horário mais ou menos fixo. Isto aplica-se também ao fim de semana, pelo menos até a alimentação estar bem estabelecida (nunca antes dos 2 anos). Procure fazer as refeições à mesma hora, não deixando a criança muito tempo sem comer (3h-almoço e jantar; 2h-lanches). 
  • Por outro lado, isto implica também não andar sempre a petiscar, isto é, não deve oferecer alimentos entre as refeições.
 

- Promova a autonomia da criança na alimentação

  •  Na escolha dos alimentos, incentivando-a a ser responsável pelo que come e a fazer escolhas saudáveis. Limite as opções, por exemplo, no caso da fruta, disponibilize 2 ou 3 peças e deixe-a escolher qual quer comer, sendo que na refeição seguinte, dará mais opções, excluindo a fruta já comida. Pode fazer o mesmo para os lanches, dando por exemplo a escolher entre leite ou iogurte, ou entre pão e cereais. Assim, a criança sentirá que pode condicionar a sua alimentação e será bem mais provável que vá de encontro às preferências da criança e ao que lhe apetece no momento.
  • No ato de comer, insistindo  para que a criança coma sozinha, à mão e com colher. Claro que vai haver comida por todo lado, desde a roupa, ao chão e até nas janelas (sim, já tive de limpar iogurte das janelas!). Mas faz parte e é assim que a criança aprende. Por outro lado, pense que quanto mais cedo a criança aprender a comer sozinha, mais cedo deixa de ter de lhe dar a refeição à boca! Tudo o que seja fruta, pão, cereais e até legumes, batata, massa, carne e peixe podem ser comidos à mão, enquanto que as papas mais espessas são otimas para treinar com a colher. Aproveite o instinto natural da criança de levar tudo à boca para os alimentos: coloque-os na mesa e deixe a criança brincar com eles; quando der conta, já foram (assim como os lápis, ou pedras e paus no parque)!
Diversificação introdução alimentar 1 ano vida bebé
Incentivar tocar e comer com as mãos
alimentação infantil nutrição pediátrica diversificação alimentar
Alimentação da criança a partir de 1ano: uso da colher
Usar garfo e faca autonomia criança
Comer de garfo e faca

- Inclua a criança nas refeições familiares

  • A criança deve partilhar a refeição com a família, ou seja, deve comer à mesa, no mesmo horário e o mesmo que os restantes familiares. Isto significa que também a família deve ajustar a sua rotina à da criança. Lembre-se que a criança aprende a ver fazer e que a família é o primeiro exemplo!
  • Quando estiver na presença da criança, coma apenas o que puder partilhar com ela. Nesta idade, as crianças têm uma grande curiosidade por tudo o que é novo e diferente. Aproveite esta curiosidade para dar a conhecer alimentos novos e saudáveis à criança, sendo importante que partilhe o que está a comer. Para isso, é fundamental que apenas coma alimentos saudáveis e adequados à idade da criança, para que não tenha de lhos recusar,  inibindo a sua curiosidade natural.
 
 

- Seja um bom exemplo para a alimentação da criança

  • Promova uma alimentação saudável dando o exemplo! Quer isto dizer que não pode estar à espera que a criança veja a família a comer alimentos pouco saudáveis e simplesmente não os queira comer também. Se os restantes elementos da família, sejam adultos ou outras crianças, comem determinados alimentos, para a criança significa que estes servem para se comer. Além disso, por muito que tente explicar à criança que esse alimento faz mal, que é só para grandes ou que quando ela for maior vai poder comer também, ela não tem ainda capacidade cognitiva para entender isso. Portanto, a criança vai sentir que está a ser posta de parte e que está a ser marginalizada, sendo que o mais provável é que a criança fique frustrada, irritada e zangada e, certamente quando tiver a primeira oportunidade, irá querer provar esse alimento. 

 

- Prepare refeições adequadas à alimentação da criança

  • Incentive uma alimentação adequada, consumindo alimentos de todos os grupos da Roda dos Alimentos: água, cereais e tubérculos, carne/peixe/ovos, lacticínios, gorduras, legumes, frutas e leguminosas (feijão, favas, ervilhas, grão, lentilhas…). Mesmo que a criança recuse um alimento específico, substitua-o por outro equivalente, do mesmo grupo. Contudo, deve continuar a oferecer-lhe esse alimento, podendo cozinhá-lo de forma diferente e misturado com outros ingredientes. 
  • Lembre-se que a bebida de eleição é a água, devendo estar sempre disponível para a criança beber, sem ter de esperar pelo adulto.
  • A partir desta idade,uma vez que a criança já come a carne/peixe/ovo no prato, deixe de a colocar na sopa. Faça sopa com estes alimentos apenas se a criança estiver doente ou se, por outro motivo, tenha o apetite reduzido e não como o prato principal.
 
 

- Faça refeições apetitosas

  • Ofereça alimentos variados e saborosos, isto é, vá alternando os alimentos que prepara, dando preferência aos alimentos da época. Da mesma forma que gosta de refeições saborosas e atrativas, as crianças também se cansam de comer sempre a mesma coisa. Utilize diferentes ingredientes e recorra a especiarias e ervas aromáticas. Tenha ainda o cuidado de usar diversos métodos de confeção, desde que saudáveis.
 

- Adeqúe os alimentos à idade

Alimentação crianças 1 ano
Comer a fruta ao natural
  • Já reparou que as suas crianças já têm dentes? Portanto, está definitivamente na altura de os usar para aquilo que servem – mastigar. A idade aproximada em que aparecem os primeiros dentes (7-8 meses) corresponde ao momento de introduzir os 1ºs alimentos sólidos, sendo que, a criança com 1 ano, já tem maturidade fisiológica suficiente para comer apenas alimentos no seu estado natural. Quer isto dizer que, no máximo, depois de completar 1 ano, a criança deve deixar de comer papas, sejam de farinhas ou de fruta ou purés. A fruta deve ser dada sempre sólida, podendo parti-la em pedaços pequenos ou deixar que a criança coma na mão. Se quiser continuar a dar “papas” aos lanches, faça-as com cereais inteiros, para que a criança seja obrigada a mastigar. As refeições devem ser as mesmas da família, tendo apenas o cuidado de partir os alimentos no tamanho adequado. Também a sopa deve deixar de ser puré, passando a conter legumes inteiros.

- Promova apenas o que é saudável

  • Ao longo da vida, a criança terá tempo e oportunidades de sobra para descobrir e provar os alimentos menos saudáveis. Não tenha pressa de lhos dar já a conhecer. O ideal, pela saúde e pela educação alimentar das crianças, é que se mantenham ignorantes em relação a estes alimentos, tanto tempo quanto possível. 
  • Esta é a fase de aprender bons hábitos alimentares: ofereça experiências e descoberta de novos alimentos, sabores, texturas e cores, mas de alimentos saudáveis e que a criança possa escolher para as suas refeições.
  • Faça ainda todos os possíveis para que a criança associe, para o resto da vida, a prática de uma alimentação saudável a sensações agradáveis. Noutras palavras, mantenha os alimentos saudáveis presentes nos melhores momentos em família. Por exemplo, se fizerem um piquenique, garanta que existem vários alimentos saudáveis e apetitosos. Ou se forem à praia, leve snacks de fruta fresca, água e outros alimentos saudáveis. 
 

- Perda de apetite e recusa na alimentação da criança

  • Por volta da idade em que a criança começa a dominar o andar (1 ano e meio) e até aos 2 anos, é frequente aumentar a recusa de determinados alimentos, sobretudo os de textura mais dura. Isto funciona como uma defesa, para evitar que a criança coloque objetos potencialmente perigosos na boca, agora que chega a vários locais e anda por todos os cantos da casa.
  • Neste caso, é importante que se continuem a dar todos os alimentos, encontrando estratégias que funcionem com cada criança, mas também sem fazer dramas ou tornar a refeição num momento desagradável e caótico. 
  • Por outro lado, também por volta da mesma idade, o crescimento abranda. Portanto, também as necessidades energéticas e de nutrientes são menores, o que se traduz numa redução do apetite em relação ao que a criança comia habitualmente.
  • É fundamental que se mantenha uma alimentação saudável e deixar que a criança decida quanto quer comer. Dependendo dos casos, poderá ser necessário aumentar o tempo entre refeições para que a criança sinta mais fome, ou então, se a criança come menos às refeições principais, também é possível que sinta fome mais cedo, devendo fazer lanches mais frequentes. Pode ainda precisar de reduzir a quantidade de sopa à refeição e também a fruta deve ser deixada para os lanches, onde o volume das refeições é menor.  
 

- Envolva a criança na alimentação

Manter a criança envolvida e fazê-la participar nas decisões da alimentação tornam-na mais consciente e interessada.

  • Envolva a criança na escolha das refeições: “o que vamos fazer hoje para o jantar?”
  • Peça ajuda à criança para elaborar a lista das compras. Aproveite este momento para educar sobre o que são alimentos saudáveis, ou seja, indique quais os alimentos que estão sempre na lista das compras (água, fruta, legumes, leite…).
  • Dê pequenas tarefas às crianças para ajudarem a preparar os alimentos: por exemplo, ir à fruteira buscar a fruta que vão comer ao lanche, chegar uma cebola para o jantar, mexer uma salada enquanto identificam os legumes, ajudar a por ervas aromáticas na comida (dando-lhas a cheirar).
 

    Acima de tudo , lembre-se que a alimentação da criança a partir de 1 ano irá determinar a sua alimentação na infância, adolescência e na idade adulta. Ensine-a a comer de forma saudável. Desta forma, faz com que, para o seu filho, ter uma dieta equilibrada, variada e completa seja um hábito, como outro qualquer, e não um sacrifício ou algo que terá que fazer em determinado momento.

dina

Nutricionista clínica, coach nutricional e formadora. Especialista na Saúde da Mulher, Nutrição materno-infantil, Nutrição Pediátrica e Nutrição funcional.

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